O ciclo de Gabigol com o Flamengo está, oficialmente, encerrado. Ao final de seu contrato, em dezembro, serão um total de seis temporadas vestindo a camisa rubro-negra, acumulando um total de 13 títulos, se igualando ao maior ídolo da história, Zico, do qual muitos acreditam ser o único que está acima do atacante na história do clube. A saída, porém, foi conturbada e se estendeu em uma novela de quase dois anos.
Gabigol chega e sai do Flamengo em um período igual a Rodolfo Landim. Ele iniciou o seu ciclo junto a atual diretoria, em janeiro de 2019, sendo uma das grandes contratações da nova gestão rubro-negra na época e, ao final de 2024, deixará o clube, bem como o atual presidente.
Nos bastidores, o ídolo rubro-negro e a gestão atual compartilharam bons momentos, principalmente no bicampeonato da Libertadores e do Brasileirão, mas a relação estremeceu nos últimos dois anos e o final dessa relação é nebulosa.
Curiosamente, Gabigol não era a primeira opção da gestão de Rodolfo Landim. O rubro-negro buscou a contratação de Pablo, destaque do título do Athletico-PR na Copa Sul-Americana de 2018.
Gabigol superou as expectativas e brilhou com a camisa rubro-negra em um ano mágico, lembrado com carinho por todo torcedor do Urubu e também pelos fãs de futebol. Ele se tornou protagonista rapidamente, tomando para si a responsabilidade de comandar o ataque do Flamengo.
Só em 2019, ele marcou 43 gols, sendo coroado como “Rei da América” em 2019, além de Bola de Ouro da Revista Placar, terminando a temporada com os títulos da Libertadores e do Brasileirão.
Nos anos seguintes, ele continuou se destacando no ataque rubro-negro, mesmo com a concorrência de Pedro, e se credenciou como um dos maiores ídolos da atual geração, para muitos rubro-negros, atrás apenas de Zico.
É anunciada a desistência do Flamengo pela contratação de Pablo. O rubro-negro carioca fez uma proposta de 7 milhões de euros (R$ 31 milhões, na cotação da época), mas o Furacão negou, fixando um valor de 10 milhões de euros (R$ 44 milhões) e, com isso, a gestão de Landim decidiu buscar outra opção: Gabigol, artilheiro do Santos na temporada, que tinha seus direitos econômicos ligados à Inter de Milão, da Itália.
O Flamengo anuncia, oficialmente, a contratação de Gabigol. O contrato do rubro-negro com o atacante foi fechado por empréstimo de um ano, sem custos. Para chegar ao acordo, o clube carioca venceu a concorrência do West Ham, da Inglaterra.
O salário foi fechado em R$ 1,25 milhão por mês, em um total de 3,5 milhões de euros (R$ 15 milhões, na cotação da época) durante o ano. Ele foi apresentado com a camisa 12 em homenagem a torcida, mas passou a usar a camisa 9.
Depois de 38 anos, o Flamengo voltava a uma final de Libertadores, na primeira edição disputada em jogo único, e perdia para o River Plate (ARG) por 1 a 0 até os 45 minutos do segundo tempo.
Em apenas cinco minutos, Gabigol mostrou o seu poder de decisão, marcando dois gols que garantiram o bicampeonato da competição para o rubro-negro. Foi a apoteose rubro-negra. Um momento marcado na história do jogador, do clube, e do futebol.
Gabigol se torna, em definitivo, jogador do Flamengo, que compra 90% dos direitos econômicos do atacante junto a Inter de Milão, em um contrato de cinco anos – até 31 de dezembro de 2024. A compra, na época, se tornou a maior da história do futebol brasileiro: R$ 83,5 milhões).
Gabigol marca o seu 100º gol com a camisa do Flamengo, em vitória por 3 a 0 contra o Bahia, sendo apenas o 19º atleta na história a conseguir tal feito. Na época, ele já era o maior artilheiro do Flamengo no século XXI, além de ser o segundo jogador do clube com mais gols na história da Libertadores, atrás apenas de Zico. Empilhar recordes se tornou rotina.
Gabigol era escolhido para ser o novo camisa 10 do Flamengo, após o anúncio da aposentadoria de Diego Ribas. No mesmo ano, o craque marcou 29 gols e deu cinco assistências em 63 partidas, além de marcar o gol do título na final da Libertadores, garantindo o tri rubro-negro.
A camisa 10 do Flamengo deve ser uma das mais pesadas do Brasil. Assim como Pelé imortalizou o número no Santos, Zico se tornou uma lenda no rubro-negro com a mesma numeração, o que deixa uma responsabilidade enorme para quem assume o papel de vestir tal camisa.
Gabigol, obviamente, tinha currículo para tal. Empilhando recordes, ele vestiu a camisa 10 do Urubu com personalidade, mas o atacante não conseguiu retribuir em campo.
O ano de 2023 marcou o início da decadência de Gabigol, que teve uma temporada abaixo do esperado, bem como todo o rubro-negro, que terminou a temporada sem títulos.
Em 2024, ele passou a ter menos oportunidades com Tite como treinador e, para piorar, foi declarado suspenso em uma acusação de fraude no exame antidoping, ficando de fora de várias partidas até conseguir um efeito suspensivo – até hoje ele aguarda um desfecho final do caso.
Em meio a isso, começou a novela por sua renovação. Declarações, polêmicas, vazamentos, confirmações, negações, ultimatos. No final, Gabigol encerrou o seu ciclo no Flamengo de maneira polêmica, cutucando a diretoria.
Portal Leo Dias