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Jovem que nasceu sem útero desenvolve o órgão com uso de hormônios

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A jovem Ashley Reilly, 21, descobriu há 5 anos que não tinha útero devido a uma rara condição do desenvolvimento fetal chamada síndrome de Rokitansky. A doença afeta o desenvolvimento do sistema reprodutor feminino ainda na fase fetal e não havia possibilidade de revertê-la naturalmente. O caso de Ashley, porém, pode representar uma luz no fim do túnel a mulheres com essa condição.

A australiana começou a desenvolver os órgãos naturalmente após começar a fazer uso de uma terapia de reposição hormonal com hormônios femininos. Um ultrassom que ela realizou neste mês mostrou que Ashley desenvolveu metade de um útero e o colo do útero após o uso.

A dosagem de reposição usada por Ashley (que tampouco tem ovários) é similar à usada por mulheres que estão atravessando o início da menopausa (quando há muita flutuação na produção de hormônios) e ela a usa desde os 16 anos, quando descobriu ter Rokitansky.

“Por ter nascido sem boa parte do sistema reprodutor, nunca menstruei e tive uma puberdade atrasada pela minha falta de hormônios”, disse ela em um vídeo no TikTok. “Agora estes órgãos começaram a aparecer e foi um choque. Adoraria que meu útero terminasse de se desenvolver para que eu tenha minha primeira menstruação e quem sabe até filhos”, afirmou ela.

A síndrome de Rokitansky é conhecida também como MRKH (sigla em homenagem ao sobrenome dos médicos que a descobriram). Ela afeta uma menina a cada cinco mil crianças nascidas vivas.

“Essa síndrome é caracterizada por uma disfunção, ainda no feto, dos dutos que são responsáveis pela formação do útero, das trompas e do terço superior da vagina”, explicou o ginecologista e obstetra Luiz Fernando Pina, da Baby Center Medicina Reprodutiva, em São Paulo, em entrevista anterior ao Metrópoles.

O único tratamento que era conhecido para permitir que mulheres com a síndrome gestem é o transplante de útero, uma técnica ainda em estudo. Há cerca de 50 bebês que nasceram em procedimentos experimentais do transplante em todo o mundo.

“As vozes de mulheres com essa síndrome precisam ser ouvidas. Raramente, a gente encontra suporte nos nossos atendimentos médicos e muitas mulheres com MRKH não estão tendo o tratamento adequado de cirurgia e acompanhamento para conseguir viver suas vidas plenamente”, concluiu Ashley em um texto em seu Facebook que pede doações para grupos de mulheres com a condição.

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