Passados 15 meses de guerra, as representações diplomáticas de Israel e Hamas concordaram com os termos para um acordo de cessar-fogo e libertação de reféns na Faixa de Gaza nesta quarta-feira. O anúncio, feito inicialmente pela mídia israelense, que citava uma fonte diplomática, foi confirmado pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, nas redes sociais. A menos de uma semana para retornar à Presidência americana, o republicano foi o primeiro líder a reproduzir a notícia, anunciando antes mesmo das autoridades do Estado judeu e do atual mandatário dos EUA, Joe Biden. Mais tarde, o democrata e o primeiro-ministro do Catar também se manifestaram sobre a trégua.
Em nota, Biden afirmou que o acordo de cessar-fogo “cessará os combates em Gaza, fornecerá a tão necessária assistência humanitária aos civis palestinos e reunirá os reféns com suas famílias após mais de 15 meses de cativeiro”. Ele mencionou sua proposta de cessar-fogo apresentada em maio, que é similar aos termos deste acordo, e afirmou que a trégua foi resultado “não apenas da extrema pressão sobre o Hamas e da mudança na equação regional após o cessar-fogo no Líbano e o enfraquecimento do Irã — mas também da diplomacia americana”. Ele acrescentou: “Minha diplomacia nunca cessou em seus esforços”.
O acordo ainda precisa ser formalmente ratificado pelo gabinete israelense, embora Basem Naim, um alto funcionário do Hamas, tenha afirmado a repórteres que o grupo terrorista aceitou a proposta. Ao Times of Israel, um alto funcionário israelense familiarizado com as negociações disse que o Hamas “desistiu” de suas exigências sobre o Corredor da Filadélfia, a faixa ao longo da fronteira do Egito e Gaza onde Israel insistiu em manter presença durante a implementação do cessar-fogo. Segundo a fonte, a postura da organização palestina mudou “devido à insistência do premier [israelense], Benjamin Netanyahu”.
A trégua no conflito é declarada após meses de turbulência diplomática, no qual autoridades israelenses e do Hamas, assim como mediadores árabes, fizeram viagens constantes pela região. Palestinos e israelenses — em especial os familiares dos reféns em Gaza — oscilaram entre a esperança e o desespero enquanto repetidos esforços do Catar, Egito e da administração Biden falhavam em superar as diferenças entre ambos os lados. Sem fornecer mais detalhes, Trump havia ameaçado implementar “consequências severas” caso Israel e o Hamas não chegassem a um acordo antes de sua posse em 20 de janeiro.
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