O Ceará ocupa a primeira posição entre os estados com maior proporção de transplante de córnea por milhão de habitantes no Brasil. Tendo realizado 633 procedimentos cirúrgicos entre janeiro e julho de 2024, a proporção é de 144 transplantes a cada milhão de habitantes no Estado, à frente de Roraima (132,8) e São Paulo (124). Os dados são do Relatório do Registro Brasileiro de Transplantes (RBT), veículo da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO).
A córnea é um tecido fino, transparente e resistente responsável por auxiliar na visão e por dar nitidez às imagens que vemos. O transplante de córnea é indicado em caso de algumas doenças que alteram o formato ou transparência da córnea, como a ceratocone e as ceratopatias bolhosas.
A conquista cearense é atribuída a uma série de medidas implementadas ao longo dos últimos anos, como a criação do Banco de Olhos do Hospital Geral de Fortaleza (HGF) em 2006, a realização de mutirões regulares, o aumento dos Centros Transplantadores de Córneas para 12 unidades, e uma parceria com a Perícia Forense, que permite a doação de córneas em casos de óbito fora dos hospitais.
Desde 2016, o estado zerou a fila de espera para transplantes de córnea, sendo que o tempo médio de espera pela cirurgia é de até um mês. Além disso, uma nova tecnologia implementada no HGF em janeiro de 2024 vem revolucionando o processo de recuperação dos pacientes. Essa inovação reduz o risco de rejeição do tecido e permite uma recuperação até quatro vezes mais rápida que a de um transplante padrão, com a visão sendo restabelecida em até 15 dias. No transplante convencional, esse prazo aumenta para dois meses.
“Na minha visão, esse resultado é um produto. Primeiro, da aceitação da nossa sociedade cearense em respeito à opção de ser doadora de córneas, doadora de órgãos, e isso realmente é o que faz a diferença”, afirma Sisley Viana, diretor técnico do Banco de Olhos do HGF, unidade da Secretaria da Saúde do Ceará.
Sisley lembra que nos últimos anos o Estado passou a enviar córneas para outras unidades de saúde do País que carecem de doação. “O Ceará, hoje, é referência não só na parte de (transplante) de córnea, mas também no transplante de outros órgãos, transplante de fígado, transplante de rim e transplante de pulmão. São outros órgãos que também estão dando excelentes resultados graças a um comprometimento das equipes que fazem transplante neste Estado”, avalia o diretor.
Para o futuro, a expectativa é de avanços. De acordo com o gestor, o HGF vem estabelecendo parcerias e aguarda investimento em equipamentos para modernizar a estrutura do Banco de Olhos.
A saúde ocular deve ser monitorada ao longo de todas as fases da vida, desde o nascimento, passando pela idade adulta e continuada também na terceira idade.
A primeira medida preventiva é o teste do olhinho, que deve ser realizado em todas as maternidades, como parte de um esforço nacional para detectar precocemente problemas como catarata congênita e neuroblastomas.
A recomendação é que, após essa fase inicial, as crianças passem por avaliações oftalmológicas precoces, principalmente porque o início da vida escolar é um momento determinante para a detecção de dificuldades de visão que podem impactar no aprendizado. Após a infância, o exame anual é o padrão recomendado, a menos que haja fatores de risco específicos ou condições que exijam uma avaliação mais frequente.
Mesmo nos casos de visão considerada perfeita, é importante levar em conta o histórico familiar. A consulta oftalmológica deve ser completa, avaliando aspectos como grau de visão, pressão intraocular e saúde da retina.
O Povo – Governo do Ceará