Pesquisadores brasileiros avançaram no estudo que mostra que o veneno da aranha-caranguejeira tem potencial para combater o câncer. O aracnídeo é facilmente encontrado no litoral de São Paulo.
A espécie já vinha sendo investigada pelo Instituto Butantan e a Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, que se uniram para trabalhar em um único estudo.
A molécula extraída do veneno da caranguejeira Vitalius wacketi, em testes in vitro, foi capaz de combater e matar células cancerígenas da leucemia. O grande diferencial está na ação do composto, que destrói as células sem causar reação inflamatória.
A sociedade mantenedora do Hospital Albert Einstein e o Instituto Butantan se uniram para potencializar ainda mais a pesquisa, mostrada no início do ano aqui no Só Notícia Boa.
A equipe do Butantan sintetizou a substância para obter a molécula de poliamina, um tipo de toxina muito abundante no veneno. Depois, o produto era enviado para outro grupo no laboratório do Einstein.
Lá, contaminações eram removidas e o efeito era potencializado. Assim, a purificação da molécula era finalizada graças a uma técnica desenvolvida pelo bioquímico e professor, Thomaz Rocha e Silva.
Após a purificação, chegou a hora de testar a capacidade da molécula de combater o câncer.
Além do resultado positivo, o grupo descobriu outra vantagem: o composto conseguiu matar as células tumorais por apoptose (morte programada), e não por necrose (morte celular).
Eles descobriram que a célula se autodestrói de maneira controlada. Isso impede o corpo de causar uma reação inflamatória, muito comum em medicamentos quimioterápicos disponíveis no mercado.
“A morte por necrose não é programada e a célula colapsa, levando a um estado inflamatório importante. Já na apoptose, a célula tumoral sinaliza ao sistema imune que está morrendo para que ele remova posteriormente os fragmentos celulares”, explicou o professor Thomaz Rocha em entrevista à National Geographic Brasil.
E as vantagens não param por aí. Segundo Thomaz, como a nova molécula é pequena, o processo de sintetizar a mesma é barato e simples.
Eles acreditam que no futuro, o produto poderia ter preços mais acessíveis no mercado para os pacientes.
O grupo agora vai fazer testes em células de câncer de pulmão e de ossos.
Além disso, a tecnologia também deve ser estudada em células humanas saudáveis para confirmar se não há toxicidade.
A equipe patenteou o processo de obtenção e produção da nova molécula e quer agora quer licenciar a tecnologia.
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