Mesmo após um mês da redução no preço da gasolina vendida pela Petrobras às distribuidoras, o valor cobrado ao consumidor final permanece praticamente inalterado nos postos de combustíveis em todo o país. A falta de repasse integral tem sido alvo de críticas por parte do governo federal, que cobra transparência e fiscalização mais rigorosa sobre os preços praticados.
De acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o litro da gasolina foi comercializado na semana passada a uma média de R$ 6,23. O valor é o mesmo registrado nas duas semanas anteriores e representa uma queda de apenas R$ 0,04 em relação ao período anterior ao corte promovido pela estatal.
A Petrobras havia anunciado a redução com expectativa de impacto de R$ 0,12 por litro nas bombas. No entanto, a diferença percebida até agora é três vezes menor do que o previsto. Levantamentos privados, como os da ValeCard e do Índice de Preços da Edenred Ticket Log, também mostram recuos abaixo do esperado, com quedas entre R$ 0,05 e R$ 0,06 por litro.
Na avaliação do governo, a ausência de repasse indica que distribuidoras e postos podem estar absorvendo parte do desconto como margem de lucro. Diante disso, o Ministério de Minas e Energia acionou a Advocacia-Geral da União (AGU) para pedir apuração e fiscalização mais efetiva nos postos de combustíveis. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também criticou a situação: “Se não houver fiscalização, seremos tratados como um bando de imbecis”, disse durante um evento recente.
Apesar das críticas, o cenário pode abrir espaço para novos cortes. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que os preços internacionais do petróleo estão estáveis e que há margem para uma nova redução no valor cobrado pela Petrobras. Estimativas da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) apontam que, desde 25 de junho, a estatal vende gasolina com prêmio sobre o mercado internacional. Na manhã dessa terça-feira, 9, esse valor adicional chegou a R$ 0,13 por litro.
Outra medida que pode impactar os preços é o aumento na mistura de etanol anidro à gasolina. A partir de 1º de agosto, a proporção passará de 27% para 30%. A expectativa do governo é que a nova composição ajude a conter os preços nas bombas. No entanto, representantes do setor alertam que o impacto pode ser limitado, especialmente em períodos de entressafra, quando o etanol tende a ficar mais caro.
Já o etanol hidratado teve leve queda, passando de R$ 4,19 para R$ 4,16 por litro na última semana, conforme os dados da ANP. O diesel S-10, por sua vez, manteve-se estável em R$ 6,05 por litro, com os últimos cortes promovidos pela Petrobras já totalmente repassados ao consumidor final.
Repórter Ceará