O Corinthians enfrentou uma nova reviravolta judicial nesta segunda-feira, com o bloqueio de suas contas pela Justiça de São Paulo. O processo foi movido pelo empresário André Cury, que cobra aproximadamente R$ 23 milhões do clube, resultado de cinco ações diferentes. O montante total corresponde a um acordo firmado com a antiga gestão, liderada por Duílio Monteiro Alves. O Estadão tentou contato com o Corinthians para obter uma posição oficial, mas não obteve retorno antes da publicação da reportagem.

A decisão do juiz Luis Fernando Nardelli resultou no bloqueio de R$ 9.774.229,67 das contas do clube. Este bloqueio vem após Cury conseguir anteriormente a restrição de mais de R$ 15 milhões nos ativos financeiros do Corinthians, incluindo cerca de R$ 12,4 milhões de uma conta na Caixa Econômica Federal, destinada ao financiamento da Neo Química Arena, e a penhora de cotas de TV. A Justiça tem afirmado que o clube deve cumprir os compromissos acordados com o empresário e a antiga gestão, que admitiu publicamente os débitos em um documento assinado antes de deixar o cargo.

O bloqueio pode ser suspenso se o valor encontrado for inferior às custas mínimas do processo, que são de R$ 176,80. O documento assinado por Duílio estipulava que o clube deveria quitar as dívidas com Cury até 20 de janeiro, data em que Augusto Melo assumiria a presidência.

Em outra decisão da mesma data, o clube teve um recurso indeferido. A Justiça havia determinado que a venda de jogadores agenciados por Cury, como Carlos Miguel, Wesley, Yuri Alberto, Pedro Raul, Biro e Giovane, não poderia ocorrer sem a quitação das dívidas. Caso a venda fosse realizada, o valor obtido deveria ser destinado ao pagamento do débito.

O juiz Nelson Jorge Júnior esclareceu que a restrição visa garantir que a venda dos jogadores não seja a única forma de garantir o cumprimento das obrigações financeiras do clube, que possui outras fontes de receita, como patrocínios e venda de bilhetes. O balanço financeiro do Corinthians revela uma dívida bruta superior a R$ 2,1 bilhões, sendo R$ 1,4 bilhão referente ao estádio e R$ 717,8 milhões em financiamento com a Caixa, cujos valores foram penhorados por Cury para o pagamento do débito.