Os extremos climáticos ainda vão ficar mais intensos neste ano, com mais seca na Amazônia e Nordeste, calor no Centro-Oeste e Sudeste e fortes chuvas no Sul. Segundo a meteorologista do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Unicamp, Ana Ávila, o motivo é que o El Niño atingirá seu pico em dezembro.
O fenômeno climático promove um aquecimento atípico das águas do Oceano Pacífico equatorial .“A temperatura das águas vai ficar cerca de 2,5°C acima do esperado. E os modelos indicam que até junho do ano que vem a gente deve ter o El Niño em curso.”
O El Niño favorece a ocorrência de ondas de calor porque as frentes frias ficam bloqueadas no sul do país e não conseguem avançar, explicou a meteorologista. “Outra questão é que o aquecimento das águas no Oceano Pacífico ajuda a aquecer a atmosfera em termos globais.”
Uma onda de calor, segundo definição do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), ocorre quando há temperaturas de pelo menos 5ºC acima da média da região para o período, durando no mínimo três dias consecutivos.
Além da intensificação do El Niño, a distorção das temperaturas é influenciada pelas condições climáticas no Atlântico Norte, que permanece quente mesmo no inverno do Hemisfério Norte.
Outros pesquisadores atribuem os extremos às mudanças climáticas causadas pelo homem. O meteorologista Bruno Bainy, do Cepagri, explica que , neste caso, pesquisadores utilizam recursos de simulação computacional para investigar se determinados eventos ocorreriam ou não – e, se ocorreriam, com que magnitude – sem a influência antropogênica no clima.
“Os estudos costumam apontar que as ondas de calor podem ter uma relação bastante íntima com as mudanças climáticas. Em geral, as pesquisas mais conclusivas quanto a essas atribuições são relativas às ondas de calor. Então, é uma das principais hipóteses que a gente tem para explicar esse calor extremo. Mas claro que temos outros fatores em jogo, como o El Niño”, esclarece Bainy.
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