A cantora Roberta Miranda, um dos nomes mais respeitados da música sertaneja, emocionou o público ao abrir o coração sobre sua trajetória pessoal e os desafios enfrentados por conta de sua sexualidade. Durante uma conversa íntima no podcast Ser Artista, a artista compartilhou momentos marcantes — e dolorosos — da sua vida, especialmente no que diz respeito à rejeição que sofreu dentro da própria família ao tentar viver sua verdade como mulher bissexual.
Eu não pude viver o grande amor da minha vida”, contou Roberta, visivelmente emocionada. “A mulher que eu amei não me quis. E mais do que isso, eu também não podia sequer assumir esse sentimento. Eu fiz uma promessa à minha mãe de que jamais falaria da minha sexualidade.”
A artista revelou que o preconceito dentro de casa foi tão intenso que sua mãe chegou a rezar para que ela morresse, como forma de punição divina por amar outra mulher. “Ela rezava pedindo a Deus que me levasse. Preferia me ver morta do que saber que eu gostava de mulher. Eu carreguei isso por anos”, desabafou.
A repressão, segundo Roberta, não vinha apenas da sociedade ou da mídia — que por décadas ignorou ou silenciou questões sobre diversidade sexual no meio sertanejo —, mas da própria estrutura familiar. Isso a obrigou a esconder sua orientação e negar seus sentimentos por muito tempo, vivendo relações às escondidas e sofrendo em silêncio.
“Eu fui uma mulher que sofreu muito calada. Me calei por respeito à minha mãe, por medo, por vergonha que me colocaram. Mas ninguém deveria passar por isso. Amar não é crime”, afirmou.
Esse capítulo tão doloroso da vida da cantora é um dos temas abordados em sua autobiografia Um Lugar Todinho Meu, lançada no final de 2024. No livro, Roberta se propôs a contar sua história com sinceridade e coragem, incluindo passagens sobre amores não vividos, episódios de preconceito e a solidão imposta pela falta de acolhimento.
Apesar das feridas do passado, a artista vive hoje um novo momento. Desde dezembro do ano passado, Roberta mantém um relacionamento com Daniel Torres, de 24 anos, que trabalha como segurança. A diferença de idade chamou atenção do público, mas Roberta lida com isso com maturidade e firmeza. “A gente se entende. O amor não tem idade, não tem gênero, não tem regra. A vida me ensinou isso com muita dor”, declarou.
Mulher forte
Com mais de três décadas de carreira, Roberta Miranda segue sendo uma voz potente — não apenas na música, mas também na luta por respeito e representatividade. Ao transformar sua dor em narrativa, ela inspira outras pessoas a enfrentarem seus próprios medos e a buscarem sua liberdade emocional e afetiva.
“Não quero mais esconder quem eu sou. Se minha história puder ajudar alguém, já valeu a pena contar”, concluiu.
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