O prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT), promoveu uma série de exonerações de secretários e funcionários comissionados que manifestaram apoio ao candidato Evandro Leitão (PT) na disputa do segundo turno contra o bolsonarista André Fernandes (PL), informa a coluna Painel, da Folha de S. Paulo. Sarto, que obteve apenas 11,75% dos votos na primeira fase da eleição, viu sua decisão gerar controvérsia em um contexto de divisão crescente dentro do PDT local.
Entre os demitidos estão Rennys Frota e Pedro França, que ocupavam cargos de secretários regionais, equivalentes a subprefeituras, além de Francisco Ibiapina, responsável pela pasta de Direitos Humanos e Desenvolvimento Social. Os cortes também afetaram funcionários comissionados indicados pelos exonerados.
Segundo a reportagem, as exonerações se dão em um momento tenso no PDT, onde seis vereadores do partido declararam apoio a Fernandes. A situação é considerada crítica, pois as pesquisas do Datafolha indicam um empate técnico entre Fernandes e Leitão no segundo turno.
Em nota, Sarto alegou que “não há motivação eleitoral para as demissões”. Ele destacou que a secretária de Educação, Dalila Saldanha, também declarou voto a Leitão e “segue no cargo com todo apoio”. A nota afirma ainda que “outros titulares de cargos de confiança” que se manifestaram publicamente em favor de ambos os candidatos permanecerão em suas funções, ressaltando que a decisão de exoneração é uma prerrogativa do prefeito.
A situação se complicou ainda mais com a participação do ex-candidato ao governo do Ceará, Roberto Cláudio, que se uniu a Fernandes em um evento, exibindo um adesivo do PL.
A repercussão negativa dessa aliança motivou o presidente interino do PDT, André Figueiredo, e o ministro Carlos Lupi (Previdência Social) a gravarem vídeos de apoio a Leitão, um movimento que pode aprofundar ainda mais o racha no partido. Lupi, que é presidente licenciado do PDT, tem defendido o voto em Evandro Leitão (PT), posição diferente de Ciro Gomes (PDT), que tem optado pela neutralidade.
Pedro França, um dos exonerados disse que “após o momento de neutralidade, no qual nosso prefeito tinha disponibilizado a neutralidade para que fizéssemos as escolhas, nós fizemos as escolhas, mas pelo visto não era a que eles queriam.” Ele enfatizou que “na política, quem tem valor é quem tem lado”, ressaltando que não se arrepende de sua decisão.
Renny Frota, por sua vez, considerou natural que aqueles que não compartilham da mesma visão política sejam afastados, mas destacou a particularidade do que ocorreu com o grupo: “A gente tomou uma posição política e foi exonerado.”
Francisco Ibiapina, que já trabalhou com André Figueiredo, revelou que em uma reunião na Secretaria de Governo, manifestou sua intenção de apoiar Leitão, mas antes que pudesse formalizar sua decisão, foi surpreendido pela exoneração. “Disse que até o final da tarde sinalizaria essa minha posição. Mas antes que eu me posicionasse, veio a exoneração.”
Brasil247