Além dos residentes em Morada Nova, no Interior do Ceará, moradores de Ibicuitinga que também trabalham na fábrica calçadista Coopershoes procuraram atendimento em unidades de saúde do município no último fim de semana com sintomas semelhantes de infecções gastrointestinais.
Nesta segunda-feira (18), só em Morada Nova, o número de pacientes com queixas de dor abdominal, náusea, febre e diarreia, por exemplo, chegou a cerca de 600. E a maioria dos casos, segundo a Secretaria Municipal da Saúde, envolve os funcionários da fábrica.
A principal suspeita segue sendo a de que os trabalhadores foram contaminados pela qualidade da água oferecida pela empresa, mas ainda não foram divulgados os resultados das análises de amostras do líquido — a previsão é sexta (22). O levantamento está sendo feito pelo Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará (Lacen).
“A tendência é a gente não ter casos de leptospirose [associados à infecção]”, disse ao Diário do Nordeste o secretário municipal da Saúde, Luiz Carlos da Silva, no fim da tarde desta segunda. O gestor comentou ainda que a pasta aumentou o número de médicos nas unidades de saúde para atender à demanda crescente, mas acredita que as infecções não evoluam para quadros mais graves. “Tudo indica que não é leptospirose, já está praticamente descartado, mas preciso dos resultados”, informou.
Uma comitiva formada por representantes da Prefeitura de Morada Nova e do Governo do Estado, por meio da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), se reuniu nesta segunda e visitou tanto a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade como as instalações da fábrica para coletar informações sobre o caso e definir estratégias.
De acordo com Luiz Carlos, as equipes de vigilância sanitária constataram que, em se tratando da alimentação fornecida aos empregados, está “tudo muito bem organizado, bem cuidado”, o que só reforça a hipótese de que a água tenha sido a causadora das infecções.
Em nota enviada à reportagem, a Sesa informou que foi notificada sobre o assunto na última quinta-feira (14) e que, desde então, mantém contato regular com a Prefeitura de Morada Nova.
“Os técnicos da Secretaria da Saúde estão auxiliando o município na investigação epidemiológica de campo, inspeção sanitária, coleta de amostras de pacientes e da água. O Lacen também está atuando na coleta e análise das amostras”, resumiu a pasta.
Nesta manhã, era intensa a movimentação de pessoas à espera de atendimento na UPA de Morada Nova. Muitas delas, segundo apuração da TV Verdes Mares (TVM), estavam vestidas com o fardamento da fábrica de calçados.
Um dos infectados relatou que o mal-estar teve início na última quinta-feira, após ingerir água no local de trabalho. “Quando foi 9 horas, 10h, comecei a sentir mal-estar, ânsia de vômito, aquele reboliço na barriga. Falei que não estava me sentindo bem e que queria ir à enfermaria. Quando cheguei lá, a enfermaria estava lotada”, disse, sem se identificar. Os sintomas da fonte, no entanto, seguiram durante o fim de semana, mesmo com as medicações, e ela teve de retornar à unidade de saúde.
Diário do Nordeste