Tosse, olho seco, falta de ar, alergias na pele e até mesmo sangramento nasal. A fumaça que deixa o céu cinza no Ceará pode trazer prejuízos imediatos à saúde. O Diário do Nordeste ouviu médicos, que falam sobre as consequências e cuidados necessários neste momento, principalmente com crianças menores de cinco anos e idosos.
Conforme a Funceme, as causas para esse cenário estão relacionadas à baixa umidade relativa do ar, que facilita o transporte de aerossóis e, principalmente, com as queimadas que atingem a Amazônia desde a última sexta-feira (16).
O médico clínico-geral Bruno Cavalcante afirma que “é muito comum a gente imaginar que a fumaça só acomete pessoas que vivem na região onde teve a queimada, mas isso não é verdade. Quando tem grandes queimadas é provável que o vento leve a fumaça até mesmo para estados bem distantes podendo causar problemas às pessoas que moram a quilômetros de distância do local da queimada”.
Paulo Manzano, médico otorrinolaringologista, acrescenta que “a fumaça associada ao vento, associada ao clima seco faz com que a gente respire, inale muitas partículas com potencial de causar irritação na nossa mucosa respiratória, além de trazer microorganismos que a gente não consegue visualizar a olho nu, mas que tem um potencial de causar doenças”.
“Inalar a fumaça até mesmo aos que não têm doença respiratória pode levar ao olho seco, tosse, nariz seco, garganta seca, sangramento nasal, uma sensação de falta de ar. Essa fumaça também pode prejudicar os que têm alergias cutâneas, ou seja, na pele. Problemas na via aérea superior e inferior, ainda mais nos pacientes de extremo de idade, gestantes e pessoas com doenças respiratórias, que têm crises recorrentes, como os pacientes mais alérgicos” disse Bruno Cavalcante.
O médico otorrinolaringologista destaca que “uma vez a mucosa respiratória irritada é porta de entrada para infecções, principalmente aos pacientes que têm asma, rinite alérgica, sinusite crônica e uma respiração oral inadequada”.
Os médicos indicam reforço na hidratação neste momento e, sempre que possível, fazer lavagem nasal diariamente.
“Estar bem hidratado é fundamental para prevenir ou amenizar as consequências desta fumaça e também uma alimentação equilibrada para melhorar a imunidade. Se puder deixar o ar mais umidificado, seja usando umidificadores, bacias com água, toalhas molhadas, isso melhora e usar máscara ajuda diminuindo a inalação das partículas da fumaça quando precisar ficar exposto”, conforme Bruno Cavalcante.
O otorrinolaringologista pontua ainda a necessidade do acompanhamento médico aos que têm doenças crônicas e, se houver sintomas mais significativos, “buscar um profissional para avaliação adequada”.
Além do Ceará, a fumaça das queimadas já atingiu estados como Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Acre, Rondônia, o oeste do Paraná, parte de Minas Gerais e trechos de São Paulo e Amazonas.
A fumaça de queimadas na região Amazônica, no Pantanal e de forma pontual em outras regiões acaba sendo transportada pelo vento, de forma mais difusa, devido a circulação atmosférica.
As queimadas que ocorrem no continente Africano também podem influenciar na presença de fumaça e de material particulado em algumas regiões, sendo transportadas pelo vento de Leste sobre o Oceano Atlântico na direção Nordeste do Brasil.
Diário do Nordeste