Quem resiste a um bom cafezinho, especialmente nas primeiras horas do dia? Além do aroma inconfundível, o café é rico em vitaminas do complexo B, que ajudam a controlar o diabetes, fortalecem a memória, regulam a pressão arterial e reduzem o colesterol. Mas, apesar de todos esses benefícios, o consumo da bebida tem diminuído no Brasil.
Embora o país ainda seja o maior produtor mundial de café — seguido por Vietnã, Colômbia, Indonésia, Etiópia e, mais recentemente, a China — os brasileiros estão colocando menos café na xícara. Só nos últimos 12 meses, o preço do produto subiu 80%, influenciado pelas longas estiagens, pelo aumento do consumo global e pela entrada da China no mercado produtor.
Em março deste ano, as vendas de café no mercado interno brasileiro caíram 5% em relação ao mesmo mês de 2024. Em abril, a queda foi ainda mais acentuada: 16%. Considerando os quatro primeiros meses de 2025, houve uma redução média de 6% no volume comercializado, em comparação com o mesmo período do ano passado.
Ceará já foi destaque nacional na cafeicultura
O cenário atual contrasta com um passado de protagonismo cearense na produção de café. Até meados do século XIX, o Ceará ocupava o terceiro lugar no ranking nacional de produção, ficando atrás apenas de São Paulo e do Rio de Janeiro.
A região do Maciço de Baturité era o principal polo cafeicultor do Estado. A produção, abundante e de qualidade, era escoada por trem até o porto do Mucuripe, em Fortaleza, de onde seguia para exportação.
Com o tempo, no entanto, sucessivas pragas, longos períodos de seca e o desgaste do solo reduziram drasticamente a produção. Atualmente, o Maciço ainda cultiva café, mas em proporções muito menores, embora com reconhecimento pela qualidade do grão.
“A história da cafeicultura cearense é rica e merece ser valorizada. Ainda temos pequenos produtores na serra que resistem, preservando uma tradição secular”, destaca Raimundo Nonato, agricultor da região de Mulungu, no Maciço de Baturité.
Hoje, os maiores produtores de café no Brasil estão nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Ainda assim, o café segue como um produto valioso para a economia brasileira e parte essencial do dia a dia de milhões de pessoas — mesmo que agora em doses menores.
Luciano Luque