O crescimento no uso de plataformas digitais — com as redes sociais — e a importância consolidada do rádio e da televisão ainda não substituíram o contato direto com os candidatos às prefeituras cearenses. Pelo menos é o que demonstra pesquisa realizada pelo Instituto Opnus e divulgada, com exclusividade, pelo Diário do Nordeste. No total, 40% dos cearenses consideram que a visita de casa em casa e o contato pessoal com o candidato são os fatores mais importantes da hora de escolher em que vão votar para prefeito. Contudo, esse resultado não é homogêneo em todo o Ceará.
“Existe uma diferença aí muito grande na forma como se faz campanha nas cidades menores, nas cidades do interior principalmente, com a campanha conduzida aqui na Capital. Na Capital, tem uma campanha por televisão muito forte, uma campanha virtual muito forte e o corpo a corpo não tem essa capacidade de chegar para toda a população. Quando você vai para o interior, já tem uma proximidade muito grande dos candidatos com os eleitores”, analisa o diretor técnico do Instituto Opnus, Pedro Barbosa.
Para os fortalezenses, a importância da interação direta com candidatos é bem inferior à média estadual: apenas 26% consideram o mais importante na hora de definir o voto para a Prefeitura. Na Região Metropolitana, esse índice é de 47% e nas cidades do Interior é de 44%.
Para os eleitores da Capital, o que tem mais peso para a escolha são os apoios de lideranças políticas e as alianças com outros partidos políticos — 27% considera o mais importante para definir o voto.
A propaganda eleitoral também tem mais importância para os fortalezenses. No total, 17% dos entrevistados na Capital afirmam que esse é o principal critério para definir o voto, contra apenas 7% na RMF e 6% no Interior.
Além das diferenças de acordo com a região do estado onde vivem, também existem mudanças de acordo com a escolaridade do eleitor para o critério usado na escolha do candidato a prefeito.
Por exemplo, 44% dos eleitores que possuem até o Ensino Fundamental consideram o contato pessoal e a visita de casa em casa o mais importante na hora de escolher o candidato a prefeito. O percentual diminui entre aqueles que possuem até o Ensino Médio — 35% consideram o mais importante — e o Ensino Superior — neste, o índice é 39%.
Os apoios de lideranças políticas e alianças com outros partidos também são bem mais importantes para eleitores que possuem o Ensino Superior — 36% usa o critério para definir o voto — do que para aqueles que possuem até o Ensino Fundamental — apenas 15% afirmam que esse fator tem importância na hora da escolha.
Com cada vez mais destaque nas campanhas eleitorais, as plataformas digitais têm mais peso quanto mais jovem é o eleitor. No total, 13% dos entrevistados entre 16 e 24 anos afirmam que irão usar as propagandas nas redes sociais e no WhatsApp para escolher o candidato a prefeito.
O percentual diminui à medida que o eleitor envelhece. Na faixa etária mais alta, aqueles com 60 anos ou mais, a campanha digital quase não possui peso para a escolha eleitoral: apenas 2% usa esse critério.
Apesar da variação na importância dada para o contato pessoal com os candidatos a depender do perfil do eleitor, Pedro Barbosa reforça que a “eleição só chega de fato na cabeça das pessoas quando você começa a ter campanha”.
A população acaba considerando a eleição algo “distante” e focando menos na disputa “até que o candidato chegue com a campanha na porta da casa dele, apertando a mão e pedindo o voto”.
Diário do Nordeste