Após voltar da viagem à China, Lula teve encontro reservado com os diretores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no Palácio do Planalto. O compromisso não constou na agenda oficial do presidente.
O mandatário convidou os diretores para explicarem o trabalho da agência e como funcionam os fluxos de informação. A reunião, no dia 19 de abril, foi recebida pelos servidores da Abin como um gesto de aproximação.
Jair Bolsonaro, por exemplo, nunca teve uma reunião como essa. Ele se comunicava apenas com o diretor-geral da Abin, quando julgava necessário. Na época em que o diretor era o delegado Alexandre Ramagem, hoje deputado, o contato era mais frequente
O trabalho da Abin é um dos pontos centrais da investigação em relação ao 8 de Janeiro, já que a agência enviou informes antes dos atos golpistas alertando para o que poderia ocorrer. A oposição acusa o governo Lula de ter ignorado os avisos.
Servidores da agência culpam a burocracia dos militares do governo pelo problema. Após a remoção da Abin do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o presidente Lula passou a receber informes de inteligência quase em tempo real, com mais agilidade do que antes, segundo fontes do órgão.
Na viagem à China, por exemplo, Lula leu os informes de inteligência da agência no avião, a caminho do país da Ásia Oriental. No GSI, o ministro, muitas vezes, emperrava o fluxo de informações, segundo servidores, engavetando relatórios que recebia.
A Abin foi transferida do GSI para a Casa Civil no início de março. Foi uma reação ao 8 de Janeiro, mas também uma demanda de longa data de servidores que se queixavam da lentidão dos militares.
Servidores notaram também que, além de Lula, ministros estão recebendo a informação produzida pela Abin de forma mais ágil.
Metrópoles