Em 60 anos de carreira, o radialista e jornalista Alan Neto, falecido nesta quarta-feira (03), trabalhou em diferentes veículos. Começou no rádio, ainda bem jovem, passou a escrever para jornal impresso, logo com uma coluna de bastidores do futebol cearense e posteriormente na televisão, como comentarista em quadros e depois comandando o próprio programa, homônimo da rádio, o Trem Bala.
Dono de um estilo próprio, excêntrico, com gosto pela polêmica, Alan Neto teve audiência consolidada em todos os veículos que trabalhou e se tornou um dos grandes nomes da imprensa esportiva cearense, mas foi por meio da internet que o Trem Bala quebrou as fronteiras do Estado e se tornou um viral nacional.
A partir de 2021, quando o programa comandado por Alan Neto era produzido pela TV Ceará, a exibição passou a ser feita em paralelo no YouTube, alcançando todo o Brasil. O embates acalorados da resenha esportiva, recheada de personagens, dentre eles o Homem Mau, que protagonizava as brigas e só era controlado pelo “dedo do Trem Bala”, de Alan Neto, fizeram o programa cair no gosto popular e principalmente do público mais jovem.
Recortes do programa, com tom de humor, circulavam nas redes sociais e viralizaram nos aplicativos de mensagens instantâneas. Alan Neto e seus companheiros passaram a ser imitados por humoristas, como Magno Navarro, na época do SporTV, que fez vários vídeos parodiando o Trem Bala. O streamer Casimiro Miguel, um dos fenômenos da internet, também gostava de reagir a vídeos da mesa esportiva cearense.
Com o fim da parceria entre Alan Neto e a TV Ceará, o Trem Bala passou a ser um programa totalmente voltado para a internet, sendo veiculado somente no YouTube. Alan manteve o estilo que o consagrou e mudou a bancada, criando mais uma geração de espectadores, oriunda de um veículo com o qual ele não tinha muita intimidade, o que mostrava sua versatilidade na comunicação.
O maquinista do Trem, no entanto, não teve tanto tempo de carreira apenas na web, uma vez que faleceu antes do novo programa completar um ano. Alan Neto, no entanto, percorreu por gerações e conseguiu conversar com todas, consolidando a carreira ainda mais e mantendo-se relevante até o fim.
Diário do Nordeste
